há nos silêncios uma beleza morta. o que não precisa de ser dito tem o peso do que é inabalável. coisa nenhuma poderá ser negada. vivo contigo em silêncio. já menti vezes demais. chamei eternos a amores com termo certo. mais do que uma mulher carrega consigo o fardo de um dia ter sido chamada "a mulher da minha vida". umas anulam as outras, obviamente. e nenhuma delas é, efectivamente, a mulher da minha vida.
por isso, vivo contigo um amor de silêncios. um amor que não precisa de palavras, nem de promessas, nem de para sempres que podem apenas durar horas. a ti, quero-te num tempo com futuros. quero-te com a certeza de que nunca te disse coisa nenhuma que fosse mentira.
perguntas, por vezes, com o olhar, se te amo. respondo-te com gestos, com o calor, com a presença transversal feita até nas ausências. contigo não quero erros, nem falhas, nem pecados a lamentar. não quero palavras de que me arrependa. quero passar pelos anos com a certeza de que o mais importante, ainda que silenciado, está comigo. quero saber que, embora possa não to dizer, tu és a mulher especial.
sei que entendes. procuras também tu este silêncio de coisa inacabada. nada pode terminar enquanto não estiver tudo dito. como um jogo invulgar. nenhum de nós procura as palavras demasiado pesadas que nos sentenciam o fim. ambos sabemos viver apenas do que nenhum de nós diz. ambos jogamos cartas transparentes e ficamos, sorridentes, a ver o jogo fluir...
[ broken silence ]
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lénia rufino
30.1.06
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