[ solitude ]

às vezes abro portas demasiado fechadas. as dobradiças cobertas de ferrugem rangem e eu, forçando as leis da física, acabo por conseguir abri-las. lá de dentro, as nuvens de pó avançam para mim como brumas. por vezes tusso. outras nem sinto o pó chegar. fecho os olhos e o cheiro a mofo é sempre o mesmo. cheira a madeira molhada e a histórias antigas. cheira a passado encerrado lá atrás, incapaz de ser revolvido, incapaz de se sentir. nem sempre o que amamos dura para sempre, dizem-me. corrijo: o que amamos tende a terminar mal se faça a primeira curva. o amor não resiste a mudanças de direcção, nem sequer a desvios ténues. e à gravidade não se questionam leis. é assim. porque sim.

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