[ abranda ]

houve dias em que te trouxe preso nas mãos. em que te algemei e me passeei contigo pelas ruas, a fugir das sombras, à procura dos silêncios das esquinas vazias. a contar os minutos para as seis, hora a que a cidade se ergue inteira. dias de névoa e de espaço branco. vazio.

não sei ler os traços que tenho nas mãos, nem sei se algum quer dizer-te. mas sei que me doem todos os segundos em que te olhei e não te li. escrevi tanta coisa a baixo-relevo na pele e hoje o que vejo são meras cicatrizes. como fotografias amarelecidas, sem legenda, que já não sei onde tirei.

peço-te que me amarres e faças de mim âncora. que me traves e me obrigues ao silêncio. que desças comigo os degraus que entram pela água e me deixam em branco. que me dances como se dança um tango, sem fôlego, sem ar, sem espaço nenhum vazio à nossa volta.

e quebra-me os ossos se isso me fizer abrandar e se ainda precisares de mim para nascer.

1 comentários:

mariazonne 31 agosto, 2009 16:01  

Estou a comentar porque hoje reparei que nunca tinha deixado um comentário neste maravilhoso blog . Já venho a seguir os seus texto há imenso tempo e tenho a dizer que são maravilhosos . Já chorei imensas vezes a le.los e já os li vezes sem conta . Quem vir o meu hi5 repara que a maior parte das minhas fotos têm frases suas pois conseguem realmente descrever aquilo que sinto . Tenho a dizer.lhe que é uma escritora maravilhosa, parabéns :D