às vezes. como a luz que cega e que me obriga a abrir os olhos e a tactear com as pontas dos dedos. a porta fechada que abro e que se fecha imediatamente atrás de mim. a tua imagem em fotografias gastas de tanto olhar para elas. as tuas fotografias em que capturaste momentos e os tornaste teus.
a gota de chuva na janela.
o gato sonolento meio raio de sol.
os degraus gastos de tanto os descermos.
a teia de aranha quebrada e mortal.
gente que entra e sai do metro.
sombras projectadas no chão.
e depois, oblíquo, o teu silêncio. essa vã memória de que não posso fugir. e nem que reescreva mil vezes o teu nome. a tatuagem já se desfez por combustão. e nem os silêncios mais sinceros me bastam. para quebrar o enguiço e desmembrar o dia que amanheceu. se ao menos eu soubesse onde estás. se te dissesse as verdades todas sem respirar. e se tu ouvisses sem fazer perguntas. e se me fotografasses depois, mais por teimosia que por recordação.
[ por vezes ]
todos os direitos reservados |
lénia rufino
23.10.08
0 comentários:
Enviar um comentário